O UBS atualizou sua recomendação para as ações de empresas brasileiras, adotando uma postura mais otimista e elevando a exposição para overweight, ou seja, acima da média do mercado. A expectativa do banco é que os cortes na taxa Selic, atualmente em níveis elevados, comecem a partir de abril de 2026, cenário que pode estimular o mercado de capitais no país. Além disso, o UBS avalia que uma possível mudança no governo brasileiro para uma linha política de centro-direita pode agradar os mercados, especialmente os investidores em títulos de dívida e, por consequência, refletir positivamente nas ações listadas.
Historicamente, o Brasil tem apresentado valuations descontados nos gráficos de Preço por Lucro, um indicativo de que as ações brasileiras têm estado subvalorizadas. Esse cenário, segundo o UBS, é explicado principalmente pelas altas taxas de juros que persistem no país, que inibem investimentos e mantêm os preços das ações abaixo do potencial. Com a expectativa de que a última alta de 0,25 ponto percentual na Selic tenha sido aplicada, a atenção do mercado passa a se voltar para o início do ciclo de flexibilização monetária, que tende a favorecer o ambiente para os negócios e o investimento em ações.
A recomendação do UBS se apoia também em um cenário político que pode vir a ser mais favorável para os mercados financeiros. Com a popularidade do atual governo em queda, a possibilidade de uma troca na administração, para um governo de perfil mais moderado e alinhado ao mercado, cria expectativas positivas. Essa mudança, segundo a análise do banco, pode reduzir incertezas e aumentar a confiança dos investidores, impulsionando os investimentos e valorizando as ações brasileiras. Assim, a combinação de juros em queda e ambiente político mais estável favorece o crescimento do mercado acionário.
Outro fator que sustenta a perspectiva positiva para o mercado de ações brasileiro é a baixa exposição do país a riscos tarifários externos. Com menos de 5% da receita das empresas brasileiras vinda dos Estados Unidos e mais de 70% ligada à economia doméstica, o Brasil demonstra uma resistência relativa a choques internacionais ligados a tarifas comerciais. Esse aspecto torna o mercado acionário local menos vulnerável a tensões comerciais globais, o que pode ser um diferencial importante para investidores que buscam mercados emergentes com maior estabilidade.
Além disso, o Brasil é bastante sensível às variações nos preços do petróleo, um dos principais insumos para a economia. Historicamente, o mercado brasileiro tem performado melhor que a média quando há alta no preço do petróleo, beneficiando empresas do setor energético e relacionadas. Essa sensibilidade é um ponto importante para quem acompanha os múltiplos do mercado, pois pode gerar oportunidades de valorização das ações, especialmente em momentos de alta nos preços da commodity.
Atualmente, os múltiplos do mercado brasileiro estão cerca de 28% abaixo da média histórica dos últimos dez anos, indicando que há um espaço considerável para crescimento e recuperação dos valores das ações. O UBS destaca que, caso a relação entre juros elevados e preços baixos das ações seja confirmada, os indicadores financeiros poderão apresentar uma melhora significativa conforme o ciclo de juros começa a se reverter, criando um ambiente propício para ganhos aos investidores.
O relatório do UBS, elaborado por analistas especializados em Mercados Emergentes e Ásia-Pacífico, reforça que a combinação de fatores internos e externos coloca o Brasil em uma posição estratégica para capturar valor no mercado acionário. A análise considera tanto aspectos macroeconômicos, como a política monetária, quanto elementos políticos, como o cenário eleitoral, para fundamentar sua visão otimista. Essa abordagem multidimensional contribui para que investidores avaliem o Brasil com maior confiança.
Por fim, o UBS reforça que a recomendação de aumento de exposição às ações brasileiras deve ser acompanhada de monitoramento constante das variáveis econômicas e políticas que influenciam o país. Embora as perspectivas sejam positivas, o cenário pode sofrer alterações em função de eventos inesperados, tanto domésticos quanto internacionais. Ainda assim, o banco acredita que a combinação de corte de juros, possível mudança política e resiliência econômica torna o mercado acionário brasileiro uma oportunidade relevante para o próximo ano e além.
Autor: Sophia Wright