Ao observar como crianças reagem a boas histórias, percebe-se a força transformadora da literatura. Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, autora do livro Bichos Vermelhos e conhecedora do tema, reforça que obras infantis são ferramentas valiosas para inspirar atitudes mais conscientes desde cedo, especialmente quando abordam questões ambientais de maneira sensível e criativa.
A relação entre a infância e a sustentabilidade pode — e deve — ser cultivada por meio de experiências significativas. E entre essas experiências, a leitura ocupa um lugar de destaque. Quando as crianças se envolvem com livros que falam sobre o meio ambiente, elas começam a construir uma visão mais empática, crítica e participativa do mundo em que vivem.
A literatura infantil como porta de entrada para a sustentabilidade
Introduzir o conceito de sustentabilidade na infância exige mais do que conceitos técnicos. O ideal é criar vínculos afetivos com a natureza, com os animais e com o planeta como um todo. Nesse ponto, a ficção se torna uma aliada natural do aprendizado. Histórias bem contadas — com personagens cativantes e dilemas ecológicos — têm o poder de despertar o interesse genuíno das crianças pelo tema.

De acordo com Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, livros infantis como Bichos Vermelhos são capazes de criar esse elo entre o leitor e as questões ambientais. Através de uma narrativa lúdica, a autora apresenta espécies ameaçadas da fauna brasileira, conduzindo as crianças por uma jornada de descoberta e conscientização que vai muito além da leitura.
Da ficção para a vida real: quando o livro inspira a prática
A magia acontece quando as ideias ganham vida. Muitas escolas que adotam livros com enfoque ambiental, como o Centro Educacional Irmã Maria Antônia Rosa, vêm colhendo resultados positivos ao integrar essas leituras com projetos ecológicos práticos. Hortas escolares, oficinas com materiais recicláveis, rodas de conversa sobre consumo consciente: tudo isso ganha mais sentido quando está conectado com histórias que tocam emocionalmente os alunos.
Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, é essencial que a leitura provoque ação. Quando a criança entende, por exemplo, que o desaparecimento de um animal pode estar ligado ao lixo que ela joga no chão ou ao desperdício de recursos, ela começa a enxergar o impacto de suas atitudes. A partir daí, hábitos mudam.
Formando leitores conscientes e cidadãos do futuro
Mais do que ensinar sobre sustentabilidade, os livros infantis também ajudam na construção de valores como empatia, responsabilidade e solidariedade. Ao acompanhar a trajetória de personagens que enfrentam dilemas ambientais, as crianças se colocam no lugar do outro, refletem sobre o bem comum e, aos poucos, tornam-se agentes de transformação em seus próprios contextos.
Conforme reforça Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, as histórias têm o poder de criar memórias afetivas. E é nessas memórias que nascem as primeiras sementes de um comportamento ecológico. Um personagem que cuida da floresta, um animal que sofre com o desmatamento, uma vila que aprende a conviver de forma mais harmônica com a natureza — tudo isso contribui para o despertar de um olhar mais cuidadoso e ativo.
O papel das escolas e das famílias no incentivo à leitura ambiental
A leitura ganha força quando é compartilhada. Por isso, escolas e famílias têm um papel essencial nesse processo. Adotar livros com temas sustentáveis, criar momentos de leitura em conjunto, conversar sobre os assuntos abordados nas histórias e propor atividades práticas baseadas nos livros são estratégias simples, mas extremamente eficazes.
Para Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, é importante que o incentivo à leitura não se limite ao ambiente escolar. O lar também é espaço de aprendizado, onde a escuta, o diálogo e o exemplo reforçam aquilo que as crianças absorvem nos livros. Quando família e escola caminham juntas, a transformação se torna mais sólida e duradoura.
Conclusão: histórias que plantam ideias e colhem atitudes
Educar para a sustentabilidade é, em essência, um gesto de cuidado com o presente e com o futuro. E quando esse processo se inicia por meio da leitura, ele ganha camadas de sensibilidade, envolvimento e criatividade. Histórias bem contadas podem marcar a infância e se transformar em atitudes concretas ao longo da vida.
Livros como Bichos Vermelhos mostram que é possível falar de temas complexos com leveza e profundidade. E, segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, é justamente na simplicidade da infância que mora o potencial de mudar o mundo. Basta saber contar uma boa história — e estar disposto a escutá-la com atenção.
Autor: Sophia Wright