A presença da Geração Z na liderança empresarial ainda é um fenômeno raro no Brasil, revelando um cenário de lentidão na renovação dos quadros de poder corporativo. Uma pesquisa recente mostra que apenas 1 em cada 10 empresas brasileiras possui integrantes da Geração Z em cargos de liderança, o que levanta questionamentos sobre como as organizações estão se preparando para o futuro. Essa baixa representatividade indica que, mesmo com a chegada dessa geração ao mercado de trabalho, o topo das hierarquias ainda é dominado por perfis mais tradicionais e envelhecidos.
A Geração Z na liderança representa uma mudança de mentalidade nas empresas, trazendo uma nova abordagem sobre temas como inovação, diversidade, sustentabilidade e tecnologia. No entanto, a resistência em promover esses jovens para cargos de decisão mostra que há uma desconfiança velada quanto à sua maturidade, experiência ou visão estratégica. Esse cenário reflete não apenas uma cultura corporativa conservadora, mas também uma falta de preparação para lidar com o perfil disruptivo e questionador que caracteriza essa geração.
Outro aspecto relevante na análise da Geração Z na liderança é o impacto da digitalização acelerada, principalmente após a pandemia. Enquanto muitos jovens dominam com fluência as ferramentas digitais e têm forte presença nas redes sociais, as empresas ainda os mantêm em funções operacionais, deixando a liderança para perfis que muitas vezes têm mais dificuldade de adaptação tecnológica. Isso provoca um descompasso entre os rumos do mercado e as decisões tomadas internamente pelas companhias.
A ausência da Geração Z na liderança também está relacionada ao modelo de promoção interno das empresas. Muitas organizações seguem estruturas hierárquicas rígidas, onde o tempo de casa e a senioridade pesam mais do que a capacidade de inovar ou trazer soluções modernas. Essa cultura de promoção por antiguidade dificulta a ascensão de jovens profissionais, por mais capacitados que sejam. Assim, a Geração Z na liderança segue sendo mais uma exceção do que uma regra nas corporações brasileiras.
Além disso, existe um problema de percepção geracional. A Geração Z muitas vezes é vista como impaciente, imediatista e avessa a modelos tradicionais de trabalho, como o presencial rígido e jornadas longas. Isso cria um choque com lideranças mais antigas, que valorizam o comprometimento pela permanência e não necessariamente pela produtividade. A Geração Z na liderança poderia, no entanto, transformar essas práticas e alinhar as empresas às expectativas do mercado moderno e aos novos talentos.
Outro desafio para consolidar a Geração Z na liderança é a falta de políticas estruturadas de sucessão e mentoria dentro das organizações. A maioria das empresas não oferece programas que incentivem o desenvolvimento de jovens líderes, o que acaba empurrando esses talentos para o empreendedorismo ou para empresas mais flexíveis. Com isso, as companhias tradicionais perdem a oportunidade de oxigenar suas estruturas e renovar seus modelos de gestão com ideias mais atuais e conectadas com as transformações sociais.
Apesar dos desafios, algumas empresas já estão colhendo os frutos ao apostar na Geração Z na liderança. Companhias que dão voz aos jovens conseguem respostas mais rápidas às mudanças do mercado, maior engajamento com públicos consumidores jovens e uma comunicação mais alinhada aos canais digitais. A presença da Geração Z na liderança tem o potencial de impulsionar a inovação interna e reposicionar marcas que precisam se reinventar diante de um consumidor cada vez mais exigente.
Para o futuro, é fundamental que as empresas deixem de ver a Geração Z na liderança como um risco e passem a enxergar essa mudança como uma necessidade estratégica. A renovação de lideranças é uma questão de sobrevivência num ambiente de negócios dinâmico, competitivo e tecnológico. Investir em jovens talentos, preparar ambientes inclusivos e oferecer trajetórias claras de crescimento são passos cruciais para permitir que a Geração Z na liderança se torne realidade de forma ampla e transformadora.
Autor: Sophia Wright